terça-feira, 10 de julho de 2012

A obssessão (falsamente) racionalista da política econômica brasileira

A presidente esgotou a troca de figurinos. Como uma atriz que tem de representar vários papéis, não tem mais o que vestir de novo. ‘Governo? Que governo?’, um artigo de Marco Antonio Villa
Mercado reduz projeção de expansão do PIB pela nona vez e prevê 2,01%
O governo é o problema
 Conforme tem sido muitas vezes mostrado no passado e amplamente comprovado pela experiência, as futuras características de uma economia de mercado - isto é, de um sistema econômico constituído pelas decisões de milhões de diferentes seres humanos - são imprevisíveis no sentido de qualquer quantificação precisa. SIMPSON, 37


O viés da insanidade
A viciosidade peculiar do racionalismo é que ele destrói o próprio conhecimento que possivelmente viria salvá-lo de si próprio, ou seja, o conhecimento concreto ou tradicional  FRANCO, P., cit. GIDDENS: 39
"Racionalização significa a transformação do mundo dominante em nome de um plano racional: a organização construída sobre um método e uma seleção racionais, que é totalmente onipotente (...) Sabemos por experiência (...) que o totalitário não é propício à tolerância." (GALLAS, Z StW, 1963, cit. ANDRADE, M. da C. :27)
O racionalismo priva de energia tudo aquilo que os homens mais amam: o sonho, a fantasia, o vago, a fé, a afirmação gratuita. Acrescentemos que isso é essencialmente inumano: o racionalista persegue seu raciocínio, não se importando em saber se ofende os interesses da família, da amizade, do amor, do Estado, da sociedade, da humanidade. Na realidade, o racionalista é um monstro. A humanidade se afirma nas suas religiões mais vitais atirando-lhes na cara o seu ódio. BENDA, JULIEN, cit. BOBBIO, N., Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea: 56
Assim, a economia, a ciência social matemáticamente mais avançada, é também "a ciência social e humanamente mais fechada, pois se abstrai das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas, etc., inseparáveis das atividades econômicas. Por isso, os seus experts são cada vez mais incapazes de prever e de predizer o desenvolvimento econômico, mesmo a curto prazo. (MORIN, Edgar, Compreender não é preciso. - Para Navegar no Século XXI: 30)
Embora cruzem marolas, e à despeito de candentes protestos, os mosqueteiros da rainha  possuem a certeza firme e granítica de manter aprumada a proa do Brazilianic.
"O capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado. O que está em crise é o capitalismo liberal clássico, o capitalismo da desregulamentação financeira, que nos levou a esta crise toda. Min. da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, IstoÉ - Dinheiro.
Pois se necessita reinvenção, qual minerva inspira copiar o modelo de outros, e logo o "capitalismo de Estado", responsável direto pelas mais nefastas experiências já sofridas pela civilização?
En medio del desastre de gestión gubernamental instalado que viene desde el período Vázquez, a medida que el tren fantasma avanza y que a unos horrores suceden otros, resulta que al que le pasan cosas terribles es 'al Estado'. Hoy somos una colonia. Los moderados -los astoristas- pioneros del fiscalazo (IRPF, IASS, ICIR, etc.) vienen concretando acuerdos mandatados por la OCDE, Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos, una logia de países ricos e invitados especiales, que suponen una entrega de soberanía, que hiere a la Historia nacional, con genuflexión innecesaria ante los poderes financieros internacionales y son puñalada trapera al destino nacional. Somos colonia chavista. ¿Cabe mayor decadencia nacional. ¿Hay que explicarlo? El País, 12/7/2012 El señor Estado
A monta dos resultados brasileiros sóem obedecer o critério: Desemprego industrial cresce em várias cidades-polo do país "Em um sentido macroeconômico, todos os projetos de investimento que o governo empreende podem ser classificados como desperdício de riqueza." (SHOSKAT, Frank, O problema com os gastos do governo, 16/7/2010)
Os formuladores da política oficial têm agido como se a maior ameaça econômica viesse de fora, isto é, das grandes potências em crise. Com essa interpretação, tão irrealista quanto confortável, o governo se dispensa de cuidar mais seriamente dos problemas reais, todos made in Brazil. Neste ano, o governo federal acelerou os empenhos e desembolsos, num esforço para se antecipar às limitações do período eleitoral. Mesmo assim, os resultados foram ruins. A realização do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, continua deficiente e os números divulgados pelo governo são enfeitados. Queimam-se recursos com emendas parlamentares de alcance paroquial. Montanhas de dinheiro são perdidas em projetos mal preparados, em contratos com empreiteiras malandras, em convênios com organizações delinquentes e em negócios com fornecedores despreparados. O escândalo do petroleiro João Cândido, lançado ao mar com discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e só entregue dois anos depois, é um exemplo especialmente pitoresco de como investir mal. 11/7/2012 A aposta errada do governo Rolf Kuntz
A Declaração de Independência era uma promessa baseada em que somos possuidores dso 'direitos inalienáveis' para "Vida, Liberdade ea busca da felicidade" "Em nenhuma parte o fundamental documento inclui a palavra democracia. Isso ocorre porque os autores estavam com medo de todos os tipos de tirania, incluindo a da maioria. Os Pais Fundadores  projetaram um sistema no qual o poder é fragmentado. Nenhum ramo do governo está em cima de outro. Cada um foi projetado para limitar o poder do outro. O economista Steve Hanke resume tudo: "A Constituição foi concebida para governar o estado, e não pessoas"  A América Latina, contudo, passou a acreditar que "democracia" fosse sinônimo de liberdade, independentemente do que os Pais Fundadores temiam: que as democracias se tornassem tiranias da maioria.
Que raiz epistemológica, por qual minerva se ingressa em tão formosa stream? "A mecânica de "Newton promete um poder de previsão vastíssimo que faz com que um instante forneça todas as informações possíveis sobre o passado e o futuro do Universo." (COVENEY, P.  e HIGHFIELD, R. A flecha do tempo)
"Durante a segunda metade do século XIX, a economia sofreu uma influência muito grande do avanço das ciências exatas. Invejosos de seu sucesso e prestígio e cônscios do poder das matemáticas e de sua importância para seu próprio progresso, os economistas voltaram sua análise parara essa direção." ( ORMEROD,  Paul: l: 50)
Assim como Newton formulou as leis fundamentais da realidade física, os filósofos e sociólogos, viajando na sua esteira, esperavam descobrir os axiomas e princípios básicos da vida social. Seu universal maquinismo de relógio converteu-se em modelo a partir do qual comparava-se o Estado com um mecanismo preciso, sujeito a leis, e retratavam-se os seres humanos qual máquinas viventes. ZOHAR, D., 2000: 23.
Em breve, certamente, daremos o último passo, e a autoridade da ciência se imporá de modo completo no domínio dos conhecimentos sociais. Então, chegaremos a fazer uma política racional, como já fazemos máquinas elétricas racionais, porque construídas unicamente sobre dados positivos, e não sobre tendências subjetivas. NOVICOW, J. 1910. 10
Eis o perfil dessa máquina, importada do passado longínquo, obsoleto, e totalmente equivocado
O triunfo da mecânica newtoniana nos séculos XVIII e XIX estabeleceu a física como protótipo de uma ciência 'pesada', pela qual todas as outras ciências eram medidas. Quanto mais perto os cientistas estiveram de emular os métodos da física e quanto mais capazes eles forem de usar os conceitos dessa ciência, mais elevado será o prestígio das disciplinas a que se dedicam, junto da comunidade científica. No nosso século, essa tendência para adotar a física newtoniana como modelo para teorias e conceitos científicos tornou-se uma séria desvantagem em muitas áreas, mas, mais do que em qualquer outra, na das ciências sociais. (CAPRA, Fritjof, O ponto de mutação, p. 180.)
Eis, pois, flamante, o inefável vírus platônico. A babel se mostrava infalível. Mostrava-se.
Hoje em dia todos nós estamos profundamente cônscios de que o entusiasmo que nossos precursores tinham em relação aos feitos maravilhosos da mecânica newtoniana levou-os a fazer generalizações nesta área de previsibilidade, na qual de modo geral talvez tenhamos tendido a acreditar, antes de 1960, mas que hoje reconhecemos que era falsa. Queremos nos desculpar coletivamente por haver confundido o público instruído em geral, fazendo-os acreditar em idéias sobre o determinismo de sistemas que satisfazem as leis de movimento de Newton, as quais, a partir de 1960, foi provado serem incorretas. COVENEY, P. & HIGHFIELD, R.,  242
Chegamos a uma situação que envolve uma imagem diferente da natureza e, portanto, também da ciência. Não acreditamos mais na imagem do mundo como uma imensa peça de relojoaria. Chegamos ao fim das certezas. Estava implícita na visão clássica da natureza a idéia de que, sob condições bem definidas, um sistema seguiria um curso único e de que uma pequena mudança nos parâmetros produziria igualmente uma pequena mudança nos resultados. Hoje sabemos que isso só é verdade no caso de situações simplificadas e idealizadas MAYOR: 12
E no andaime sócio-político?
Parece-me que essa incapacidade dos economistas em sugerir políticas mais bem sucedidas está intimamente ligada à propensão a imitar, o mais rigorosamente possível, os procedimentos das mais brilhantemente exitosas ciências físicas — tentativa essa que, em nosso campo profissional, pode levar a erros crassos. Esta é uma abordagem que passou a ser descrita como sendo uma atitude "cientificista" — uma atitude que, como defini há cerca de trinta anos. É decididamente não científica no verdadeiro sentido do termo, pois envolve uma aplicação mecânica e indiscriminada de hábitos de pensamento a campos diferentes daqueles em que esses hábitos foram formados Friedrich A. Hayek - A pretensão do conhecimento pronunciamento em ocasião do seu recebimento do Nobel de Economia, 1974 
A pretensão logrou seu auge já no cabo do XIX: 
O capitalismo de livre empresa, um mercado onde perdurassem a competição e a livre iniciativa, passou a ser considerado como instrumento de exploração do povo, enquanto uma economia planejada era vista como alavanca que colocaria os países no caminho do desenvolvimento. Caberia ao Estado, portanto, o controle da economia doméstica, das importações e a alocação dos investimentos de maneira a assegurar que as prioridades sociais se sobrepusessem à demanda egoísta dos indivíduos. FRIEDMAN, M.,  Capitalism and Freedom; cit. PERINGER, : 126
 Ocorreu e ocorre justamente ao contrário: "A centralização favorece uma minoria, empobrecendo a massa." (CAREY, C., cit. HUGON, Paul, História das Idéias Econômicas: 420) Só isso.
Russell (Ideais Políticos: 24) bem compreendeu de que modo a democracia, o estado de direito, e o desenvolvimento econômico estão entrelaçados: 
A difusão de poder, nas esferas política e econômica, em lugar da sua concentração nas mãos de agentes governamentais e capitães de indústria, reduziria enormemente as oportunidades para adquirir-se o hábito do comando, de onde tende a originar-se o desejo de exercer a tirania. A autonomia, para distritos e organizações, daria menos ocasiões para que os governos fossem chamados a tomar decisões nos assuntos alheios.
 Malgrado as retumbantes derrocadas de nazistas, fascistas e marxistas, as bandeiras permanecem tremulando:
O capitalismo de hoje não é um capitalismo liberal; o que realmente existe é um capitalismo burocrático que está sob forte controle e regulamentação dos governos dos estados nacionais.  A característica fundamental deste sistema é um intervencionismo caótico e desordenado — com uma legitimidade precária baseada no sistema redistributivo do estado de bem-estar social e da democracia das massas.  O que existe é um sistema altamente precário, um sistema que está sempre em perigo de colapso.  Cada crise provoca mais intervenções, produz mais burocracia e mais regulação, mais gastos do setor público e uma carga tributária cada vez maior. Além da boa governança por , 8/8/2011
Helio Fernandes mostra como lobistas e despachantes de luxo perpetuam a miséria do povo
Se de fato vivemos na Era do Conhecimento, mister abandonar de uma vez,  largar o script  platônico. "O planejamento em escala abrangente é uma impossibilidade epistêmica". (GRAY. J., cit. GIDDENS, A.: 80)
O princípio da relatividade deve ser mais geral ainda - devemos procurar a diferença de tempo nas realizações biológicas e sociais, - o tempo local das espécies e dos grupos humanos. Isto nos poderá explicar muitos fenômenos que resistem às explicações atuais. Mas para conseguir tais fórmulas muito terá que lutar o espírito humano contra os preconceitos que o rodeiam e contra as obscuridades da matéria que irá estudar. MIRANDA, Pontes de, cit. MOREIRA: 103
O multipremiado  maestro Edgard Morin anseia pelo advento:
En fin, sabemos que somos seres, individuos, sujetos y que estas realidades existenciales son centrales, no reductibles. Mientras que precisamente en la visión econocrática o tecnocrática el factor humano es la pequeña irracionalidad que hay que integrar para funcionalizar los rendimientos, por el contrario, hay que integrar el factor económico y técnico en una realidad multidimensional que es biosocioantropológica Ética
Tem gente que quer mandar até em comandantes aeronáuticos e, olha só,  logo por causa do tempo instável "que eles provocam"!
Pilotos e tripulantes do avião presidencial querem pedir ao Gabinete de Segurança  Institucional (GSI) que dê um toque para a presidente Dilma Rousseff mudar sua conduta nos voos presidenciais. A tripulação reclama que Dilma  teria mania de, durante o voo, entrar na cabine, criticando as turbulências e fazendo perguntas sobre a segurança da viagem. Anna Ramalho. Pilotos dão puxão de orelha em Dilma Rousseff
Faz lembrar o impertinente Darwin à bordo do Beagle, junto ao comandante Fritz Roy. Há uns dois meses a senhora presidente afirmou que o país  estava preparadíssimo para enfrentar a crise econômica - 100%, 200%, 300% melhor. O tour à Feira de Hannover lhe deu direito a pouso extra,  O boeing  saiu dos 15 mil pés para descer na cidade do Porto. O fito se resumia em aproveitar o cardápio do dia do famoso restaurante - memorável bacalhoada, regada ao melhor vinho tripeiro. Não sei dos guardanapos, mas o ágape estava tão prazeroso que atrasou a chegada na Alemanha. Bem nutrida, no país de Frederico, O Grande, de Adenauer, Max Planck, Einstein, e tantos outros, a sapiência tupiniquim não se furtou em distribuir conselhos aos governantes europeus. Pura jactância, levada ao extremo por  mente demasiadamente pueril. Os curandeiros no comando da economia acham que ufanismo rastaquera cura crise Hoje o Instituto Brasileiro de Economia da FGV, prevê queda de 4,3% da produção industrial, a maior em 32 meses.
S.Exa e os gerentes financeiros do Estado lamentável que ela impõe lograram diplomas acadêmicos entre as décadas de '70 e '80. Seus professores, de '40 a '60. Os curriculuns disciplinares remontam à geração anterior - de 1920 à '40, época de Getúlio Vargas, Stálin. Hitler, Mussolini,  Roosevelt & dos gangsters. Eis porque lhes parece suprema a doutrina do capitalismo de Estado.

A universidade brasileira ainda não existia, é certo, mas também há consenso em se afirmar que sua emergência foi retardada pela posição dos positivistas comtianos - ortodoxos ou heterodoxos, autoritários ou democráticos - que consideravam que, no clima de opinião vigente, sua instalação apenas aumentaria a confusão existente no país entre as etapas ou estágios de desenvolvimento do pensamento. Mais ainda, o comtismo considerava a ciência como fechada, como já sintetizada. Ambos os argumentos vão de encontro a um conceito liberal de universidade. A presença do comtismo pode ter realmente significado um contrapeso a qualquer iniciativa de convidar Einstein a vir ao Brasil. Um argumento forte é o fato de que a polêmica entre comtianos defensores da mecânica clássica e einstenianos era pública e reconhecida nos jornais LOVISOLLO, Hugo, Einstein: Uma viagem, Duas Visitas, em MOREIRA, I. C., & VIDEIRA, A.  A. P. Org. Einstein e o Brasil,: 242/243 *
Pelas cátedras e adoções governamentais, em matéria de Economia por todo este arco reinava flamante a genialidade de John Maynard Keynes. Roosevelt aplicou o New Deal seguindo o script keynesiano. De fato, o paraplégico presidente recolocou o Eua na senda do desenvolvimento da infraestrutura, e desta feita de modo acelerado. O imediato sucesso foi exportado à parceira combatente do comunismo, a Alemanha do cabo Hitler. Para atravessar os Alpes, bastava um receptor à altura. O ridículo Mussolini se apresentou, e a moda se espalhou pelo mundo ocidental. Tudo tapeação:
Criadores de modelos macroeconômicos finalmente descobriram aquilo que Henry Hazlitt e John T. Flynn (entre outros) já sabiam desde os anos 1930: o New Deal de Franklin Delano Roosevelt (FDR) alongou e aprofundou a Grande Depressão. Não passa de mito a tese de que FDR 'nos tirou da Depressão' e 'salvou o capitalismo de si próprio', como tem sido ensinado a gerações de americanos (e, conseqüentemente, ao resto do mundo) em todas as instituições educacionais estatais. Thomas J. Lorenz
Na expressão máxima da estupidez,  impressionantes máquinas de guerra foram daí compostas. Indagado sobre a descoberta da artificialidade de seu plano, lord Keynes lembrava que a longo prazo estaríamos mortos. Não precisou tanto. Em curto, milhões, entre os quais ele próprio e seus executores, até nosso clone Getúlio Vargas, foram morar à sete-palmos de fundura. Não fosse o epílogo da II Guerra Mundial, todos os estados estariam metidos numa confusão econômica e cambial infinitamente maiores do que ora vivenciamos. Da catátrofe emergiu o vencedor. Os enormes furos inflacionários foram extintos mercê da hegemonia da moeda norteamericana sobre todas as demais. A rigor Keynes foi marginalizado no reduto que lhe deu asas, e na reconstrução da Alemanha. tocada por Adenauer, mas os demais países permaneceram, e até recrudesceram, pautados pelas artimanhas keynesianas. Nosso país mergulhou direto. Por elas foram contruídos o Estado Novo, e Brasília. Elas suscitaram o golpe militar de '64. Com o assassinato de Castelo Branco, o catedrático da faculdade de Economia da USP, ,professor Antônio Delfim Netto assumiu a maestria. E até hoje estamos mergulhados na ilusão da especulação monetária  Nova política cambial em mau momento para o Brasil "É incrível o que Keynes pensou. Ele foi muito mais do que um economista. O que ele escreveu é muito mais relevante para a Economia do que tudo que fizeram depois" (Delfim Netto) "Lula é o maior economista do Brasil. O Lula é o único economista que presta no Brasil porque é o único que está falando a verdade.” (DELFIM NETTO, em primorosa. entrevista para Ag. Estado - www.avozdavitoria.blogspot.com - 31/12/2008) 
“A política econômica está se transformando num emaranhado de medidas desconexas, pontuais, que não estão atuando no sentido de ganhar tempo para que se encontrem estratégias de longo prazo”, adverte Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, à revista Veja de hoje.  “As estratégias de longo prazo passaram a ficar de lado. Estamos perdendo o foco da política econômica”,  inquieta-se o especialista do IPEA. A cada trinta dias, o ministro da Fazenda repete que o mês não cumpriu o combinado, mas o próximo será bem melhor, embora não tão bom quanto o seguinte. "O Brasil já atravessou zonas de turbulência econômica até sem piloto. O problema agora é o excesso de fanfarrões na cabine. Sobram comandantes de araque. Falta plano de voo." Os curandeiros no comando da economia acham que ufanismo rastaquera cura crise  "Plano de vôo" não falta; mas é para vôo de galinha.Perdendo o brilho O que os "curandeiros" não ainda não reconhecem são as inexoráveis consequências que promovem, supondo que qualquer desvoi de rota seja passível de correção por "sintonia fina", diziam alguns experts.  A aplicação desta espúria teoria é o que chamam, erroneamente, de "Capitalismo de Estado,". O Estado nada produz para ter capital.. Pouco difere do clássico marxismo. Ela consiste na apropriação indébita, porém legitimada, da riqueza gerada pela produção, para o Estado contemplar os setores que lhe convém alavancar. Hoje em dia, nas áreas em que sobrevivem os contingentes do eleitorado partidário, nas cidadelas mais alienadas do processo econômico, e nos estádios de centenas de excepcionais investidores de campanha, com ênfase nos estabelecimentos bancários, montadoras de automóveis, empreiteiras e ONGs. Estas, "sem fins lucrativos", obtém vultusas quantias graças àparticipação direta da plêiade governante em seus caixas.
Identifica-se, aqui, o que Roger-Gérard Schwartzenberg cognomina do novo triângulo do poder nas democracias, que junta o poder político, a administração (os gestores públicos) e os círculos de negócios. Essas três hierarquias, agindo de forma circular, cruzando-se, recortando-se, interpenetrando-se, passam a tomar decisões que se afastam das expectativas do eleitor.Presos na teia de aranha
"Precisamos tirar a política da sombra corruptora do dinheiro" conclamava o Prof. Doutor Roberto Mangabeira Unger,  Livre Docente da Universidade de Harvard, ex-Professor do Senador Barack Obama, ex- Secretário de Planejamento de Longo Prazo do Brasil. Foi defenestrado. Pois devido a aplicação da teoria keynesiana, ainda mais desse modo canhestro após a reforma de nossa moeda, hoje o país atravessa uma crise econômica e política jamais experimentada, um impasse sem luz de fim de túnel, paradoxal à farta publicidade de seu êxito, ao melhor estilo do fascínora Goebbels.
Massacrantemente jornais, televisões, rádios e figuras públicas veem festejando o surgimento da 'nova classe média'. No apogeu do totalitarismo nazista o ministro da Propaganda dizia que a mentira repetida torna-se verdade. Aqui não é diferente. O aparelhamento dos órgãos de pesquisa sócioeconômica estatais, aliado ao silêncio da universidade por motivação ideológica, agregado ao despreparo da oposição política em questionar com competência, criou-se um mito que não se sustenta. O carnaval do poder
As vaias das ruas são o clamor por esperanças perdidas
Reversão
Ou se consegue frear a locomotiva, ou nos precipitaremos pelo despenhadeiro que nos aguarda a claridade.  A permanência em vigor deste molde suicida se torna indesculpável. Chegaremos mais próximos da reorganização e de um reacomodamento natural, paradoxalmente, lançando um cocktail desintegrativo nesse desenrolar pseudocientífico, ideológicos par excellence, ferros da direita e da esquerda que compuseram os trilhos à passagem da locomotiva sócio-política.  Parando ou rompendo com o determinismo oriundo deste pretérito mecanicista, egoísta e opressor, poderemos alcançar mais rapidamente a readaptação, arejada e transparente, a perfazer um tecido social condigno com a época e as aspirações de cada um de nós. Voltando-nos ao real, por que acontecido, restar-nos-á explicá-lo e abandoná-lo, para tomarmos os tapetes mágicos de nossos próprios sonhos, permitidos e queridos por uma nova ordem (ou desordem), múltiplo anseio de ver e viver o mundo mais harmonicamente integrado e desenvolvido. Estacionado o velho trem, retirada a carga, poderemos optar  por pequenas, ágeis, versáteis e ecológicas naves, individuais ou não, mas definitivamente em consonância com a complexidade e leveza cósmica.
O determinado, o movimento da história, a lei do progresso inevitável, a dialética como motor do mesmo, a estrutura tecnocrática imposta, ao serem cotejados com os novos achados da ciência, resultam meros conceitos sem justificação, porque inclusive seus pressupostos científicos caducaram, revisados em suas raízes mais profundas. RUEF, J., A visão quântica do Universo: 56
"Se os seres humanos houvessem de inspirar-se nos exemplos da Natureza, fazendo deles normas de conduta, a anarquia, a independência, o individualismo e o princípio do menor esforço passariam a ser os ideais humanos." (GARBEDIAN, H. Gordon, A vida de Einstein: o criador do Universo:161)
Pois o chamado ‘fim da história’ nada mais é do que a emancipação da multiplicidade dos horizontes de sentido. Um desses desafios é o de repensar o pensamento científico, libertando-o de sua ganga positivista, de sua mania contábil, a fim de instalar em seu seio a argumentação filosófica capaz de regular as relações do conhecimento científico com as demais modalidades de pensamento e ação. Outro, não menos importante, é o de pensar a modernidade. Porque esta não é um momento datado da história, definindo uma época. É o nome de uma ruptura, de uma crise relativamente à tradição. Estamos diante de uma nova episteme: da indeterminação, da descontinuidade, do deslocamento, do pluralismo (teórico e ético), da proliferação dos projetos e modelos, da ampliação de todas as perspectivas e do tempo da criatividade. JAPIASSÚ, H., Um desafio à Filosofia: pensar-se nos dias de hoje: 10)
"Isto faz dos seres vivos elementos numa vasta rede de inter-relações que abarca a bioesfera de nosso planeta – que em si mesma é um elemento interligado dentro das conexões mais amplas do campo psi que se estende pelo cosmos." (LASZLO: 198) "De fato, no nível quântico, não há nada além da energia e informação. Campo quântico é apenas outro nome do campo da consciência pura ou da potencialidade pura. E esse campo quântico é influenciado pela intenção e pelo desejo." (Deepak Chopra) Os neutrinos e os bósons de Higgs perfazem os veículo pelos quais transitam todas as informacões. A teoria quântica dos campos considera tanto a matéria (hadrons e leptons) quanto os condutores de força (bosons mensageiros) como excitações de um campo fundamental de energia mínima não-nula (vácuo).
O conceito de um mundo sutilmente interligado, um oceano cósmico no qual estamos intimamente ligados uns aos outros e à natureza, assimilado por nosso intelecto e abraçado por nosso coração, poderá talvez inspirar novos modos de pensar e de agir que transformem o espectro de uma derrocada global no triunfo de uma renovação global – uma renovação para uma era mais humana e sustentável. (Idem: 205)
O imperativo da melhor convivência do habitante com o meio ambiente não pode olvidar, por óbvia extensão, o semelhante. Isto condiciona, pois, o aprimoramento das relações pessoais; por conseguinte, sociais. Em outras palavras: pelo respeito e consideração ao indivíduo (só por ele),  chegamos ao resultado social. A economia faz-se, apenas, expressão numérica, e por convenção; portanto, há que ser integrada, mero complemento, e não pauta destinatória.
Assim, descobriu-se recentemente que na natureza tudo está subordinado a uma ordem, até mesmo os fenômenos confusos, sem nexo, totalmente imprevisíveis. Esta ordem ‘superior’ é capaz de explicar eventos aparentemente randômicos - não importa se se trata de bolsa de valores, da mudança na temperatura de nosso planeta, ou da maneira que nós formulamos nossos pensamentos – e que podem ser expressos tanto em fórmulas matemáticas e físicas, quanto em belas imagens (os chamados fractals) disformes, mas com uma atraente irregularidade. Todos esses eventos têm algo em comum: o fato de serem atraídos a certos estados da natureza, o que lhes dá unidade, se bem que disfarçada. A nova regularidade dos fenômenos deu origem a uma nova ciência, que tem o ‘caos’ como tema central e na qual, um dia, deve se enquadrar a teoria das ondas. WITKOWSKI, Bergè: 275
O que governa a dinâmica da natureza, inclusive em seu aspecto mais material, na física, não é uma ordem rígida, predeterminada. Nem tampouco uma dialética entre contrários em luta, que leve a síntese, até que se produza uma nova antítese, como na visão dialética marxista rechaçada também pela genética, segundo diz MONOD. É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas. GOYTISOLO, Juan Vallet  Interações
Desde então, a Teoria das Ondas evoluiu espetacularmente à Teoria  das Cordas, para serem consagradas justamente na semana pela retumbante descoberta da hipótese de Higgs, assunto de nosso próximo approach.
"É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, identificaremos causas da inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos (...) o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização." (BACHELARD, G., 1996: 170)  Se desconsiderarmos, ou melhor, se conseguirmos nos desvencilhar do carma que nos acomete, talvez tudo tudo se torne trivial, mais simples e muito mais harmonioso do que as fantasmagóricas ilações greco-romanas, todas, sem exceção, projetadas no fito exclusivo do poder. Na frente de nossa casa aguarda o caminhão da "grande mudança" aclamada por Polanyi e Kraemer. Capra identifica o "momento da mutação", Pawells e Bergier, do "despertar dos mágicos", Naisbitt, do “paradoxo global”, Kuhn do "novo paradigma", Toffler de “powershift" (mudança de poder), Ferguson da tal “era de aquarius”, Bobbio, a “dos direitos”, muitos da reengenharia, e o que Popper propugnava, há mais de meio século, do advento da "sociedade aberta".
O que tempos atrás era apelidado erroneamente de 'pós-modernidade' traduz-se na crescente convicção de que a mudança é a nossa única permanência. E a incerteza, a nossa única certeza.  Zygmunt Bauman, Estadão

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